Já faz mais de 24horas que o Rio sente o gostinho de ser São Paulo em dia de chuva.
Hoje não botei os pés pra fora de casa, e quando estava prestes a fazer isso, o gerente da loja ligou pra minha casa desesperado porque nenhum funcionário havia chegado ainda. Já era pra loja estar a pleno vapor a pelo menos 30min. (Me pergunto como ele conseguiu chegar na hora no Centro do RJ, já que mora em Nova Iguaçu, na Baixada). Fiquei meio boiando na conversa, sem entender o porquê do nervosismo. Até que eu liguei a televisão e lá estava, notícia no Bom Dia Brasil: "(Clichê)
Rio amanhece debaixo d'água" e mostra uma imagem exatamente do lugar pelo qual eu iria passar no momento que estava saindo de casa, a Rua Jardim Botânico. Lá mesmo, na frente do parque/jardim.
O local onde eu costumo passar 3x por semana estava completamente alagado. O repórter da Globo era um que normalmente faz matérias esportivas, mas como esse local é muito perto da emissora, colocaram esse mesmo para mostrar o caos (provavelmente ele estava lá preparando algo sobre Copa, sei lá). A água era tanta que ultrapassava a mureta do parque pra rua e só dava pra ver as grades.
Minha mãe foi trabalhar. Ela conseguiu porque o escritório dela (autônomo) é aqui perto de casa, e o bairro de Ipanema durante o dia estava "caminhável". Mas chovendo durante todo o dia.
Segundo ela,
NENHUMA loja estava aberta, nem mercados, galerias, nada! Não havia uma alma viva na rua e o trânsito nunca esteve tão maravilhoso quanto hoje (após o caos, claro).
O prefeito deu seu parecer de que hoje seria decretado ponto facultativo. Claro, não tinha como ninguém ir nem voltar de lugar nenhum. Esse cara dá pra levar a sério.
Ontem a noite voltei com meu pai da loja pelo bairro de Santa Teresa e pelo Cosme Velho. Poucos são os que conhecem esse caminho, então estava vazio e foi nossa sorte.
Por outro lado, tem uma parte do Cosme Velho que é uma estradinha pelo meio da Floresta da Tijuca, e qual não foi minha surpresa quando comentei com meu pai quando uns 10 anos antes, uma chuva como aquela havia caído na cidade (não tão demorada, claro) e uma árvore havia caído naquele lugar e tivemos que voltar para fazer outro caminho até minha escola (meu colégio era ali perto). E de repente, 3 minutos depois, havia REALMENTE uma árvore caída no meio da pista. Pelo menos, dessa vez, tinha espaço para passar um
carro por vez. Poucos metros a frente, uma pequena barreira havia desmoronado.
Na real? Eu tava me cagando de medo de andar por ali.
A chuva era tanta, mas tanta, que se via sacolas de lixo boiando,
RATOS BOIANDO (um dos maiores nojos da minha vida), carros boiando...enfim, TUDO boiando.
E as cenas de helicóptero da Globo sobrevoando a Lagoa Rodrigo de Freitas?
Me senti uma moradora nata de São Paulo passando pelos entornos do Rio Tietê. Aquilo tudo muito transbordado; carros com água na altura das janelas; não se via definição de calçada, ciclovia nem pista. Era tudo uma água só!
Enfim...
Um post no twitter me fez pensar. Seria muito bom se na próxima vez que as pessoas fossem jogar lixo na rua, lembrassem do maldito dia inútil de hoje. As que morreram debaixo de lama, terra e pedras provavelmente foram também aquelas que um dia entupiram bueiros com uma mera garrafa PET. Ou aqueles que tiveram que abandonar seus carros com lama nos bancos de couro, foram exatamente as pessoas que jogaram sacolas plásticas no chão.
É isso aí. Espero que esse dia tenha servido de lição pra muito carioca mal-educado.
Aliás, carioca pra mim é sinônimo de gente sem educação. Sou nascida no Rio de Janeiro e vejo isso.
Pra essa galera, o prefeito foi perfeito e deu um dia de descanso pra população.