quinta-feira, abril 29, 2010

Maldito vício.

De dois meses pra cá, de repente tem até mais tempo e eu não percebi, estou com um vício doentio.
Fico triste se não o tenho todos os dias, várias vezes por dia. Sinto abstinência; fico triste, irritada, deprimida, impaciente. Sonho com essa coisa maligna todas as noites e preciso tê-la a disposição quando bate a falta. Senão, suo frio, tremo, não durmo, não relaxo.
Minha droga me faz muito bem, mas principalmente me faz muito mal.

Ela engorda e tem um nome provocativo: chocolate.

quinta-feira, abril 15, 2010

Carta ao meu amor.

Te conheci numa época em que os maiores males vieram pro meu enorme bem. Foi uma fase vivida muito rápida e intensamente (felizmente, com você meu "intenso" se tornou massivo).
Numa noite de caras e bocas, poses e fachadas, sons que não eram bem-vindos aos nossos ouvidos, estávamos lá, eu e você, trocando palavras com gosto de harmônicos.
Era o par perfeito. Uma dupla dinâmica nunca tão bem selecionada por algo ou alguém divino, e que funcionasse tão bem, logo à partir do primeiro dia juntos.
Alguma coisa ali fez sair faísca. 
Então, naquela manhã ensolarada e gelada, parecíamos vindo diretamente dos anos 50 pro interior das Minas Gerais. Parecia que eu já o conhecia havia muitos anos, enquanto na verdade, havia somente algumas poucas horas que estava do seu lado.
Aquele dia, encostados naquela pilastra de azulejos vermelhos com os olhos da cidade e um sol nascente nos espiando, eu percebi que ali a paixão nascia. Desabafei bem baixinho "isso não vai dar certo" e você fingiu que não ouviu. Que a partir daquele momento, meu corpo por um lado festejava de alegria, enquanto o outro já se inflava de preocupação pela distância que estava prestes a nós massacrar.
Você foi embora lamentando ter que estar acordado, de pé e disposto dali há algumas horas e eu com o coração disparado e a adrenalina sem me deixar adormecer.

Algo me dizia que naquele segundo que ouvi sinos e vi estrelas, o mesmo te acertou em cheio.

Eu e ele. Casal sempre besta apaixonado.

terça-feira, abril 06, 2010

Rio de Janeiro se transformou em São Paulo

Já faz mais de 24horas que o Rio sente o gostinho de ser São Paulo em dia de chuva.
Hoje não botei os pés pra fora de casa, e quando estava prestes a fazer isso, o gerente da loja ligou pra minha casa desesperado porque nenhum funcionário havia chegado ainda. Já era pra loja estar a pleno vapor a pelo menos 30min. (Me pergunto como ele conseguiu chegar na hora no Centro do RJ, já que mora em Nova Iguaçu, na Baixada). Fiquei meio boiando na conversa, sem entender o porquê do nervosismo. Até que eu liguei a televisão e lá estava, notícia no Bom Dia Brasil: "(Clichê) Rio amanhece debaixo d'água" e mostra uma imagem exatamente do lugar pelo qual eu iria passar no momento que estava saindo de casa, a Rua Jardim Botânico. Lá mesmo, na frente do parque/jardim.
O local onde eu costumo passar 3x por semana estava completamente alagado. O repórter da Globo era um que normalmente faz matérias esportivas, mas como esse local é muito perto da emissora, colocaram esse mesmo para mostrar o caos (provavelmente ele estava lá preparando algo sobre Copa, sei lá). A água era tanta que ultrapassava a mureta do parque pra rua e só dava pra ver as grades.
Minha mãe foi trabalhar. Ela conseguiu porque o escritório dela (autônomo) é aqui perto de casa, e o bairro de Ipanema durante o dia estava "caminhável". Mas chovendo durante todo o dia.
Segundo ela, NENHUMA loja estava aberta, nem mercados, galerias, nada! Não havia uma alma viva na rua e o trânsito nunca esteve tão maravilhoso quanto hoje (após o caos, claro).

O prefeito deu seu parecer de que hoje seria decretado ponto facultativo. Claro, não tinha como ninguém ir nem voltar de lugar nenhum. Esse cara dá pra levar a sério.

Ontem a noite voltei com meu pai da loja pelo bairro de Santa Teresa e pelo Cosme Velho. Poucos são os que conhecem esse caminho, então estava vazio e foi nossa sorte.
Por outro lado, tem uma parte do Cosme Velho que é uma estradinha pelo meio da Floresta da Tijuca, e qual não foi minha surpresa quando comentei com meu pai quando uns 10 anos antes, uma chuva como aquela havia caído na cidade (não tão demorada, claro) e uma árvore havia caído naquele lugar e tivemos que voltar para fazer outro caminho até minha escola (meu colégio era ali perto). E de repente, 3 minutos depois, havia REALMENTE uma árvore caída no meio da pista. Pelo menos, dessa vez, tinha espaço para passar um
carro por vez. Poucos metros a frente, uma pequena barreira havia desmoronado.
Na real? Eu tava me cagando de medo de andar por ali.

A chuva era tanta, mas tanta, que se via sacolas de lixo boiando, RATOS BOIANDO (um dos maiores nojos da minha vida), carros boiando...enfim, TUDO boiando.

E as cenas de helicóptero da Globo sobrevoando a Lagoa Rodrigo de Freitas?
Me senti uma moradora nata de São Paulo passando pelos entornos do Rio Tietê. Aquilo tudo muito transbordado; carros com água na altura das janelas; não se via definição de calçada, ciclovia nem pista. Era tudo uma água só!

Enfim...

Um post no twitter me fez pensar. Seria muito bom se na próxima vez que as pessoas fossem jogar lixo na rua, lembrassem do maldito dia inútil de hoje. As que morreram debaixo de lama, terra e pedras provavelmente foram também aquelas que um dia entupiram bueiros com uma mera garrafa PET. Ou aqueles que tiveram que abandonar seus carros com lama nos bancos de couro, foram exatamente as pessoas que jogaram sacolas plásticas no chão.

É isso aí. Espero que esse dia tenha servido de lição pra muito carioca mal-educado.
Aliás, carioca pra mim é sinônimo de gente sem educação. Sou nascida no Rio de Janeiro e vejo isso.
Pra essa galera, o prefeito foi perfeito e deu um dia de descanso pra população.